domingo, 15 de maio de 2011

Assistente Social

Amo minha profissão. Recebi esse texto em um e-mail. Não sei quem é o autor, mas é muito divertido.
Bjs colegas
Assistente Social?
Assistente Social Não sai, Realiza visita Institucional.
Assistente Social Não faz fofoca, realiza Mobilização.
Assistente Social Não conversa em vão, realiza atendimento Social.
Assistente Social Não escreve cartas, escreve encaminhamentos.
Assistente Social Não se senta para tomar cerveja, senta para reunião de equipe.
Assistente Social Não vai á casa de amigos, realiza visita domiciliar.
Assistente Social Não brinca, realiza socialização infanto-juvenil.
Assistente Social Não separa brigas, realiza mediação de conflitos.
Assistente Social Não liga, faz contato institucional.
Assistente Social Não dá, ou doa nada, concede benefícios.
Assistente Social Não sufoca ninguém, realiza supervisão de serviço.
Assistente Social Não dorme, fica acamado por pouco tempo.
Assistente Social Não monta panelinhas, supervisiona grupos.
Assistente Social Não tem preconceitos, faz diagnostico social.
Assistente Social Não se situa no espaço, faz diagnostico socio-espacial.
Assistente Social Não segue ou persegue ninguém, realiza acompanhamento.
Assistente Social Não preenche tabelas, realiza estatísticas.
Assistente Social Não escreve textos, escreve artigos científicos e relatórios.
Assistente Social Não pratica socialização entre áreas, realiza intersetorialidade.

15 de Maio

O mês de maio traz data muito especial para os Assistentes Sociais: o dia 15, quando se comemora o seu dia 15, quando se comemora o seu dia e marca a profissão desde o seu nascimento. Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica "Rerum Novarum", apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Era a primeira Encíclica Social já escrita por um Papa e, arcava o posicionamento da Igreja frente aos Graves problemas sociais que dominavam as sociedades européias. Para os assistentes sociais europeus, a Encíclica publicada naquele dia 15 de maio, trazia um conteúdo muito especial. Atônitos frente à complexidade dos problemas existentes e teoricamente fragilizados em conseqüência de sua formação ainda bastante precária, aqueles profissionais assumiam o documento e os ensinamentos ali contidos, como base fundamental de seu trabalho. E desse modo se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica européia que. por sua vez, assumia progressivamente a sua liderança sobre o enfoque das práticas sociais daqueles profissionais.
No Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica no País, inspirados na Doutrina Social da Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a "Quadragésimo Ano" redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931 em comemoração aos quarenta anos da Rerum Novarum. E, desse modo, gestada no seio da prática da "Ação Social Católica", ou simplesmente "Ação Católica" - no Brasil a profissão cresceu sob a liderança da Igreja e, até o início dos anos 60, recebeu a influência direta e decisiva da sua "Doutrina Social".
Mas, o fato de sabermos que o dia "15 de maio" é uma homenagem à publicação da "Rerum Novarum" - documento que embalou a profissão em berço e lhe sustentou a vida - não esgota o assunto em pauta. Quem determinou que assim o fosse? É uma data comemorada apenas por assistentes sociais brasileiros? Estas são algumas perguntas que na literatura encontrada, bem como nos contatos estabelecidos na fase preparatória desse artigo, não responderam a estas indagações. Cabe, portanto, aos assistentes sociais interessados na história profissional, se embrenhem pelos caminhos da pesquisa em busca dessas respostas e de outras relativas ao tema. Cabe a nós, assistentes sociais, conhecer o passado e construir a memória da nossa profissão.

sábado, 14 de maio de 2011

A Assistente Social e o Inferno - "chiste"

Vejam que sucesso é essa profissão!!!!
                  
Uma Assistente Social desceu os portões do inferno e foi admitida.
Mal havia chegado já estava insatisfeita com o baixo
nível de higiene e de saúde das pessoas no inferno.
Logo começou a fazer projetos e várias ações
para coibir aquele caos.

Pouco tempo depois já não havia no inferno
o insuportável e tradicional mau cheiro.
Ninguém mais reclamava de dores e mal estar,
os banheiros tinham higiene e sala de repouso e,
por conseguinte, estavam mais limpos e cheirosos.
As pessoas eram orientadas sobre hábitos de vida,
prevenção de doenças e é claro, sobre seus direitos.
Eram acompanhadas através de análises diárias e
com controle de satisfação e exames físicos.
A Assistente Social era muito popular por lá.

Um dia, São Pedro chamou o diabo ao telefone
e perguntou ironicamente:

- E então, como estão as coisas aí embaixo?
E o diabo respondeu:

- Uma maravilha! Agora aqui todos se beijam, sorriem uns aos outros,não existem doentes, queixosos, as pessoas estão mais felizes... se alimentando melhor... Isso sem falar no que a nossa Assistente Social está planejando para breve!

Do outro lado da linha, surpreso, São Pedro exclamou:

O quê ?! Vocês têm uma Assistente Social aí ?
Isso foi um engano!Assistentes Sociais NUNCA vão para o inferno.
Mande-a subir aqui, imediatamente!

O diabo respondeu:

 - Sem possibilidade! Eu gostei de ter uma Assistente Social
e continuarei mantendo-a aqui.

São Pedro, já mais irritado, fala em tom de ameaça:

- Mande-a para cá agora, ou tomarei as medidas legais necessárias.

Eis que o diabo soltou uma gargalhada:

- Hahahaha!E Onde você vai arrumar um Advogado?!!!
Eles estão todos aqui.Portanto, minha Assistente Social ficaaaaa!!!

Santa Luisa de Marilac - Padroeira do Serviço Social


Santa Luisa de Marilac
Padroeira
do Serviço Social
e d@s Assistentes Sociais

A igreja honra em seus santos e santas a manifestação do Espírito Santo e o derramamento de Seus Dons e Carismas das mais diversas formas. São os heróis da fé que viveram na esperança e manifestaram totalmente a caridade ou o amor de Cristo nos irmãos.


A Nossa Santa

A França do final do século XVI foi palco de uma das épocas mais tristes de sua história. A Guerra Civil de 1590 trouxe aos franceses miséria, fome, calamidades, doenças e epidemias. Pobres e ricos, grandes e pequenos, todos sofriam com a situação.
A luta pela sobrevivência levou os habitantes de Paris a buscarem formas alternativas de alimentação, nem sempre salubres: ervas, ratos, etc. A história registra que mais de 50.000 pessoas morreram de inanição.
A família Marilac, de linhagem nobre da alta Alvérnia, região montanhosa central da França, tinha como representante o ilustre Luis de Marilac.
No ano de 1590, Luis de Marilac, que era viúvo e sem filhos, casou-se com Margarida Le Camus. No dia 12 de agosto de 1591 nasce Luísa de Marilac, menina de saúde frágil que necessitava de muitos cuidados. Dona Margarida não resiste aos difíceis trabalhos de parto e vem a falecer horas depois.
Inconsolável, Luis toma sua menina nos braços e com ela partilha sua dor e seu amor.
Com o passar dos anos, Luis, sentindo o peso da solidão e desejando melhores cuidados para Luisa, aceita casar-se com a irmã de Margarida, que havia ficado viúva e com quatro filhos.
Tia Antonieta, não querendo ter trabalho com Luísa, convence Luís a levá-la aos cuidados das irmãs dominicanas. Lá, nossa menina foi educada na fé e era na leitura da vida dos santos que encontrava consolo.
A situação econômica do Sr. Luis estava, como a de toda França, bastante comprometida e, para evitar gastos, Luísa é tirada do convento e levada aos cuidados de uma viúva: lá a pensão era mais barata.
Luisa é instruída pela viúva e dona da pensão, sendo sempre obediente e zelosa, tanto nos estudos como nos trabalhos. Foi nesse período que sentiu em seu coração o desejo de se tornar religiosa. Frei Honório argumentou que sua saúde frágil não suportaria os rigores disciplinares de um mosteiro.
Um golpe de dor! Luísa perde seu pai no início da adolescência. Miguel, o irmão de Luís, passou a ser seu tutor e levou Luisa para morar em seu palácio. Tudo era muito luxuoso e requintado. Luísa, apesar de amar seu tio, sentia-se constrangida em meio a tanto luxo.
Houve uma grande festa na corte, um banquete dos mais luxuosos. A jovem Luísa encantava a todos com sua simplicidade e beleza. Antônio Le Grás, nobre cavalheiro, apaixonou-se por ela.
Antônio procura o senhor Miguel e expõe suas intenções de casamento com Luísa. Nossa jovem, apesar de desejar seguir a vida religiosa, aceita a proposta e casamento para agradar seu tio.
Luísa tinha 22 anos quando casou-se com Antônio Le Grás, na igreja de São Gervásio em Paris. Logo em seguida, no ano seguinte, nasce o 1º filho do casal e recebe o nome de Miguel Antônio. A Sra. Luísa é toda dedicação ao seu amado esposo, ao seu filho, a casa, e também sempre encontrava tempo para os pobres e desvalidos.
Antônio viajava muito a serviço e Luísa era sempre incansável em visitar os doentes, lavar suas chagas e levar alimentos, roupas e tudo o que fosse necessário.
Certo dia, após longa viagem, Antônio trouxe para casa, depois de consultar sua esposa, os 7 filhos de um casal de parentes que tinham falecido.
O Sr. Le Grás adoece gravemente, sendo obrigado a abandonar o trabalho na corte; Luisa assume todas as responsabilidades da casa e dos negócios do marido.
Outro golpe de dor! O Sr. Antônio Le Grás falece, com 45 anos de idade, no dia 21 de dezembro de 1625. Luísa fica viúva com 34 anos.

A Missão

Aconselhada pelo bispo de Belley, conheceu o Pe. Vicente de Paulo, homem de aspecto rude, modos simples porém de caráter firme e bondade extremada.
“Jamais devemos perder de vista o divino modelo! É preciso ver Jesus Cristo no pobre, e ver no pobre a imagem de Cristo!” Foi o primeiro conselho de Pe. Vicente a Luísa de Marilac.
Luisa encantava-se com a vida e missão de Vicente de Paulo. Seu filho Miguel Antônio inicia estudos no seminário e ela vai morar numa casa alugada.
Luísa vai ao encontro das damas nobres da sociedade e com elas vai formando um grande exército de voluntárias. Foi nesse período que Pe. Vicente e Luísa fundaram as confrarias da caridade. Luisa passou a orientá-las sob a direção de Pe. Vicente.
Muitas jovens desejavam unir-se as damas das confrarias da caridade. Luisa acolhia e instruía a todas, em sua casa na rua São Vitor.
Em novembro de 1633, Pe. Vicente dá um novo sentido as damas. Inicia-se assim a companhia das filhas da caridade, fazendo votos de pobreza, obediência e castidade.
As filhas da caridade visitavam os presos, atendem os idosos desamparados, crianças abandonadas, etc; o campo de ação era vastíssimo.
Sabe-se que o estado sanitário do povo naquela época era precário. As pestes e epidemias eram freqüentes e mortais. As filhas da caridade eram só dedicação aos mais sofridos.
As crianças abandonadas eram levadas por Luisa para os cuidados em famílias ricas. Luisa iniciou um processo de guarda e futuras adoções para uma infinidade de órfãos. Luísa visitava as casas para conhecer a realidade dos futuros pais das crianças.
Luisa de Marilac, incansável guerreira do amor e da caridade, fez da sua vida um peregrinar pelas ruas de Paris e do mundo, sempre amparando, alimentando, instruindo e confortando os menos favorecidos. Seu filho tornou-se advogado sempre trabalhando para o bem comum.
As filhas da caridade estão espalhadas pelo mundo inteiro, servindo em hospitais, asilos, escolas, abrigos para menores, sanatórios, etc. Sempre levando o amor e o testamento de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marilac.
No dia 15 de março de 1660, com 69 anos, Luisa de Marilac despede-se de suas irmãs e de sua vida dizendo: “Sejam muito cuidadosas, minhas filhas, com serviço aos pobres.”
São Vicente, já muito idoso, não pôde comparecer ao enterro de Santa Luisa. Ele veio a falecer em 27 de setembro do mesmo ano.


“Sabeis que os pobres são os nossos senhores e mestre e que devemos amá-los com ternura e respeitá-los profundamente”
Santa Luisa de Marilac.
Texto: Márcio A. Reiser


Por sua dedicação aos pobres, Luísa é considerada padroeira do Serviço Social e das(os) Assistentes Sociais.


É celebrada no dia 15 de março por ser este o dia da sua ressurreição para o Cristo.




terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Estava assistindo aos programas matutinos na TV que falavam do Dia Internacional da Mulher, de como nós mulheres somos lindas, essenciais, bonitas,.. , essas coisas. Alguns deram dica de maquiagem, de pratos para os homens prepararem para as companheiras, dicas de presentes. Homenagearam merecidamente algumas mulheres, mas poucos se lembraram da origem dramática dessa data.
Vc sabia que o “Dia Internacional da Mulher” não foi criado para melhorar as vendas de flores, perfumes e chocolates? E sim para homenagear mulheres operárias que eram exploradas e foram assassinadas porque reivindicavam seus direitos?
O que se passou foi que em de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas diárias), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, nós ainda sofremos, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Mulherão - Martha Medeiros

Peça para um homem descrever um mulherão.
Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, nas pernas, bumbum
Vão dizer que tem que ser loira, 1,80 m, siliconada.

Agora, pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina...

Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir ao trabalho e mais dois para voltar e, quando chega em casa, encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.

Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de R$ 100,00.

Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta e uma família todos os dias da semana.

Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.

Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dietas, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.

Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para a cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.

Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega. é quem, de manhã bem cedo, já está de pé, esquentando o leite.

Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e, à tarde, trabalha atrás de balcão.

Mulherão é quem cria os filhos sozinha, é quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação.

Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.

Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.
Julianas, Luizas, Sheilas ...

Mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia!

Martha Medeiros

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

De livrilmes e filmivros

Mais um retalhinho: Texto escrito por alguém que amo profundamente de todo coração. Seu blog vale a pena ser seguido, confira: http://meumundodemim.blogspot.com


De livrilmes e filmivros
Adoro filmes, mas livros, eu simplesmente os amo. A verdade é que cada um deles tem a sua linguagem, ímpar, incomparável e inconfundível.
Livro é o exercício da criatividade, da imaginação (do autor e muito mais do leitor). Quando leio, viajo. E ja fui aos lugares mais insólitos que possa haver, como a Molvânia e o Phaic Tan (conhece? Vá lá, então!), em mundos fictícios e, por vezes, factuais (como é tênue a fronteira entre real e imaginação!). Certa vez fui ao inferno, acompanhado de Virgílio. Já fui até a mim mesmo, mas eu não estava em casa na época…
Quantos seres já conheci! Uma miríade, eu diria. São gentes, são bichos, são criaturas obstinadamente diversas, que moram em minhas estantes e vagueiam pelas minhas ideias. E quantos ofícios já aprendi! Já fui cavaleiro (pode acreditar: estive sentado ao lado de Arthur em sua famígera távola redonda), poeta, pirata, médico, cientista, astronauta, dançarina, cortesã, detetive, mocinho, bandido e por aí vai.
A leitura proporciona um tal grau de intimidade com o mundo daquelas palavras, que elas e ele passam a ser meus, em mim – segundo Sartre, “a leitura é criação dirigida. […] o objeto literário não tem outra substância a não ser a subjetividade do leitor” (SARTRE, O que é literatura?, 1989, p. 38).
O filme, ao contrário, não consegue suspender a distância entre o espectador e a tela, por maior que seja o ecrã. A história já está pronta, basta servir-se. Se o cinema é mágico, o é devido a recursos tecnológicos, como as dimensões da tela e a altura do som – já reparou que balançamos o corpo, numa tentativa de dança, quando uma música toca muito alto à nossa volta, ainda que não gostemos dessa música? É um efeito quase involuntário.
Mas o trunfo mesmo do filme – e do cinema, por extensão, – são os efeitos especiais. Esse conjunto de sensações visuais e auditivas dá ensejo aos desejos de uma equipe de criação (não aos meus) e possibilitam existência a lugares, seres e fatos que, até então, pulsavam latentes em mil cabeças criativas.
E quando me sento à frente de uma tela para assitir a um filme, quando disponibilizo parte de meu tempo e do meu mundo à concretização do projeto de um Peter Jackson, um Tarantino, um Kubrick ou um Pasolini, sentam-se comigo minha Erlebnis e a liberdade de aceitar tal projeto – e lhe dar continuidade – ou recusá-lo (Sarte outra vez). Na tela, projeta-se não somente a película. Há ali impressas expectativas em relação à produção que ora se confirmam, ora se refutam.
Essa experiência é mais fortemente sentida quando o projeto cinematográfico tem como base um livro ou a vida de uma personalidade. Cobra-se muito uma transposição fidedigna, o que nem sempre é possível, pois, como dito anteriormente, trabalham-se linguagens diferentes. Acrescentem-se a intenção da equipe de criação e a proposta com que é concebida a produção, além, claro, das ditas expectativas.
Por outro lado, quando leio, sou eu o ator, o diretor, a equipe de som, de edição, de efeitos especiais (e quem/o que mais for nercessário) de um filme que se passa em minha cabeça. Sou eu quem define a emoção dada a uma fala, a intensidade das cores do cenário, a firmeza dos traços do personnage. Entretanto nem sempre a minha criação coincide com a de Peter Jackson e cia. – ora a minha me parece melhor, ora a deles.
Recentemente tenho visitado e revisitado insistentemente a Terra Média. Tolkien tem-me sido um vício e uma ambição desde o primeiro momento em que fomos apresentados. A capacidade inventiva desse britânico nascido na África do Sul é-me peremptoriamente fascinante.
Mas devo confessar que alguns – e são poucos – episódios da saga do anel em O Senho dos Anéis ficaram muito mais bem representados cinematograficamente do que no livro ou mesmo em minha própria produção, como a investida dos Espectros do Anel à Comitiva de Anel no Topo dos Ventos. Agora, certamente eu também escalaria Ian McKellen e Kate Blanchet para os papéis de Gandalf e Galadriel, respectivamente (espero que também sejam eles a interpretar esses personagens no vindouro O Hobbit).
Acredito, portanto, que filme e livro não sejam substituíveis entre si, visto serem linguagens distintas e mobilizarem estratégias de apreensão próprias, mas possam, sim, ser complementares e promover profícuas intertextualidades.

 Victor Marioto
http://meumundodemim.blogspot.com/2011/01/de-livrilmes-e-filmivros.html